28 de dez. de 2010

Dados históricos

O primeiro manuscrito conhecido do Evangelho de S. Mateus (Biblioteca Apostólica Vaticana ou Arquivo Secreto do Vaticano) está em língua grega, tendo sido escrito depois do Evangelho de S. Marcos. Mas como se chega a esta afirmação? Uma das premissas muito interessantes é que o Evangelho de S. Mateus já incorpora relatos da destruição de Jerusalém, ajudando os biblistas e especialistas a datar com maior precisão a sua possível redacção. Contudo, várias teses actuais comprovam e contradizem a concreta datação do manuscrito. Este livro é assim, um verdadeiro best-seller dos Evangelhos.

Um dos primeiros e mais antigos relatos do Evangelho de S. Mateus foi feito por St. Inácio de Antioquia, no ano 110 d.C., presumindo-se assim que tinha sido redigido entre os anos 80 a 90 d.C.

Como curiosidade extra, acrescenta-se que os escritos mais antigos do Novo Testamento são as Cartas aos Tessalonissensses. O autor deverá ter sido um judeu convertido para o cristianismo, pois está muito familiarizado com linguagem e escrita do Antigo Testamento. A sua escrita revela muito este conceito, presumindo-se que a comunidade destinatária para onde escrevia deveria ser uma comunidade mista (cristãos e judeus), mas bastante aberta.

O Evangelho de S. Mateus pode subdividir-se em 5 grandes discursos:

- Sermão da Montanha (Cap. 5 a 7)

- Sermão de Envio e Missão (Cap. 10) – A sessão dos milagres.

- Sermão das Parábolas (Cap. 13) – A sessão dos peixes.

- Sermão Eclesial (Cap. 18) – o caminho para Jerusalém. A sessão das polémicas.

- Sermão Escatológico (Cap. 24 a 25) – fala-se do final dos tempos: parábola dos talentos, bodas, etc.

Grandes partes das passagens de S. Mateus estão em S. Marcos e algumas em S. Lucas. O que difere entre si é a composição e como estão apresentados os diálogos/discursos. S. Mateus, por norma, agrupa por significados, por temas/bases os ditos de Jesus Cristo.

Nota de autor: um bom complemento para a análise teológica deste Evangelho é o livro “Jesus de Nazaré” de Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI (2007, Esfera dos Livros). O livro começou a ser escrito em 2003, quando o Cardeal Joseph Ratzinger ainda era o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé mas curiosamente foi concluído apenas em 2007, assinando já como Papa Bento XVI. Deve ser das poucas monografias do mesmo autor efectivo com duas assinaturas diferentes.

13 de dez. de 2010

Mateus 1 - EVANGELHO DA INFÂNCIA

PRÓLOGO: O Mistério de Jesus (1ª parte)


Mateus 1 – Contexto global

O primeiro capítulo de Mateus apresenta o Mistério de Jesus, abordando duas questões fundamentais:
- Quem é Jesus?
- Como é que adquire a Sua identidade?
A genealogia de Mt 1, 1-17 tem, como principal preocupação, conferir a Jesus a Sua identidade (Quem é Jesus?). O anúncio feito a José em Mt 1, 18-24, explica como é que Jesus adquire esta identidade. Este capítulo inicial constitui o prólogo de um mistério muito maior: a génese de Jesus, como homem (filho de Abraão e filho de David) e como Deus-Filho, que se encontra ligada à Sua missão. A conclusão do Evangelho “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20), mostra como o destino de Jesus cobre toda a história.


Mateus 1, 1-17: Genealogia de Jesus Cristo

Porquê uma genealogia? Mateus apresenta a origem do homem Jesus Cristo através da genealogia, mostrando que o Messias enraizava no povo eleito, encontrando-se n’Ele o sentido de toda a História de Israel: como Cristo, ou Messias de Israel, Jesus Cristo deve ser filho de David; como a fé deve ser transmitida a todas as nações, Jesus deve ser filho de Abraão – recordando a bênção universal de Deus concedida a toda a descendência de Abraão.

Estrutura. A genealogia reflecte um panorama da história de Israel na sua estrutura, apresentando uma divisão tripartida:
- era patriarcal (de Abraão a David);
- período da monarquia (de David até ao exílio na Babilónia);
- tempos pós-exílicos (até Jesus Cristo).
Numa catequese de relação entre Jesus e o percurso do povo de Israel no AT, a genealogia desenha a ideia de que a missão de Jesus deveria pôr termo ao exílio do Seu povo, sendo este um exílio espiritual, um afastamento de Deus e do Seu Reino. Pela ascendência, o Messias assume a história deste, na qual alternam figuras que representam o caminho de encontro do povo com Deus e os seus desvios:
- santos, como Josias (Sir 49, 1-3), ou Josafat (1 Rs 22, 41-51);
- cobardes, como Acaz (2 Rs 16, 1-4; Is 7);
- tiranos, como Manassés (2 Rs 21).

Diferenças com a genealogia de Lucas. As principais fontes de Mateus para a genealogia parecem seguir Rt 4, 18-22 e 1 Cr 1, 24; 2, 1-14. Lucas, em Lc 3, 23-28, apresenta uma genealogia maior e muito diferente, com 11 x 7 gerações, ligando Jesus a Adão, para acentuar a Sua ligação a toda a humanidade, e só apresentando esta após o baptismo. Ao começar pela genealogia, Mateus coloca Jesus no lugar de Adão, procurando referir-se a Jesus como origem da nova geração dos discípulos. As genealogias parecem ser, deste modo, um pouco artificiais, servindo como auxílio para a compreensão da missão de Jesus e enquadramento desta na história do Povo de Israel e da Igreja. Na realidade, os únicos pontos comuns entre as genealogias de Lucas e Mateus são: gerações de Abraão a David, os nomes de Zalatiel, Zorobabel e José. As razões pelas quais Mateus escolhe apresentar 14 x 3 gerações, além da referida divisão tripartida da história do povo, podem ter alguma relação com a numerologia associada ao nome de David: este nome era escrito com as letras DWD, cujos valores numéricos atribuídos eram “4”, “6” e “4”, que somados resultam no número catorze. 3x14 gerações representariam assim Jesus como perfeição de David.

Porquê incluir mulheres? Ao incluir mulheres na genealogia – Tamar, Raab, Rute e a mulher de Urias (Betsabé) – Mateus realça o dom da graça e da universalidade do evangelho, pois, além de três destas mulheres serem estrangeiras (Raab, Rute e Betsabé), estas têm um comportamento indevido: Raab é prostituta (Js 2, 1); Tamar faz o papel de prostituta (Gn 38, 14-15); Rute teve uma atitude atrevida para com Booz (Rt 3, 1-8); adultério de Betsabé (2 Sm 11-12). No entanto, estas mulheres tiveram este comportamento irregular segundo os desígnios de Deus, de modo a assegurar a linhagem que conduzirá ao nascimento do Messias. Estes ecos da tradição preparam o leitor para compreender a situação especial de Maria (Mt 1, 18).

O papel de José na genealogia. José descende da linhagem real de David. Da descendência de David, segundo a Sua promessa, Deus proporciona a Israel um Salvador que é Jesus. Mas a ausência do verbo gerar em Mt 1, 16 afirma o mistério do nascimento de Jesus, apesar da linhagem davídica: José é “esposo de Maria”, da qual nasceu Jesus, mas não gera o Salvador. Este mistério será mais esclarecido na passagem seguinte de Mateus (Mt 1, 18-25).


Mateus 1, 18-24: Anúncio do nascimento de Jesus

Esta passagem encerra a narração de como José, filho de David, acolhe o filho de Maria na sua linhagem. Mateus exprime a fé da Igreja na concepção virginal (citação de Is 7, 14; Mt 1, 25) mas afirma que Jesus Cristo era também filho de David, como era esperado do Messias. Vai fazer-se uma abordagem versículo a versículo.

18 - A concepção. Maria concebe pelo Espírito Santo, no entanto, este não é o elemento masculino da concepção; é o poder pelo qual Deus age como Criador. Para aparição do Messias, Deus contrapõe ao processo biológico ordinário, um acto original de criação, fazendo-se Homem.

19 – O repúdio. José e Maria eram esposos, mas este vínculo apresentava dois momentos: após os votos iniciais, a esposa permanecia com os pais até ao fim de um ano, sendo que, nessa altura, o esposo poderia repudiá-la. No caso de Maria, ao conceber antes de coabitarem, esta deveria ser apedrejada segundo a letra da Lei. No entanto, José decide repudiá-la em segredo, provavelmente por respeitar Maria e o mistério de que esta era portadora, ainda que não o compreendesse bem. Por isso, José é denominado de “homem justo” por Mateus.

20 – O Anjo do Senhor. Só Deus podia mudar o curso dos acontecimentos, visto que a José assistia todo o direito de se separar de Maria. Então, o Anjo do Senhor, isto é, Deus, na linguagem bíblica (Gn 16, 7-13; Ex 3, 2), apareceu-lhe em sonhos. O sonho é um dos meios de comunicação que Deus utiliza com aqueles que não beneficiam da inspiração profética. José não agiu, assim, por própria iniciativa, mas guiado por Deus.

21 – O nome de Jesus e a missão de José. Como noutras passagens bíblicas (Lc 1, 13), o anjo anuncia o nome do menino que vai nascer: “Jesus”, forma helenizada de Yeshua, que significa “Deus salva” (em hebreu, Yehoshua, que se traduz por Josué, significa “salvação de Deus”, embora semelhante, não tem o mesmo significado). Pelo nome, o Anjo revela ao mesmo tempo a missão do menino: ele salvará o povo dos pecados.
José tem a missão capital de conferir a filiação davídica pela imposição do nome. José não quer dar o seu nome, um nome meramente humano, ao Filho do milagre do Espírito Santo, mas Deus intervém, dizendo-lhe para o fazer. Maria dá, assim, a Jesus o seu ser de homem e José dá-lhe o seu ser social, através do seu nome.
Esta passagem faz rever em José o patriarca José do AT (Gn 37-50), homem justo, homem dos sonhos. Na genealogia de Mateus, José é filho de Jacob, ao contrário de Lucas, em que José é filho de Heli, provavelmente para recordar o patriarca, filho de Jacob. José é justo porque não assume uma paternidade pessoal, e porque confia só em Deus e obedece-lhe, aceitando um papel paternal.


22, 23 – Deus connosco. Mt 1, 23 é a primeira das diversas citações de cumprimento com que Mateus interpreta os acontecimentos importantes da vida de Jesus. A tradução da passagem de Isaías pode ser feita como “e eles invocarão o seu nome como o Emanuel”, que significa connosco-Deus”. Isto remete para o final do Evangelho e a todas as nações, quando Jesus declara: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20). Jesus foi chamado “Emanuel” pela comunidade cristã, daí a citação diferir do nome dado por José. Só depois de passar pela morte e pela ressurreição, Deus-Salvador, Jesus, poderá ser definitivamente Deus-connosco, o “Emanuel”.

24, 25 – A virgindade de Maria. Sobre a virgindade perpétua de Maria, abrem-se muitas questões. O texto de Mateus apenas sublinha que José não teve contacto carnal com Maria até Jesus nascer. Não confirma nem desmente a virgindade perpétua de Maria. Mc 6, 3 dá a lista dos irmãos de Jesus. Quererá isto dizer que Maria e José tiveram outros filhos para além de Jesus? Segundo São Jerónimo, a palavra “irmão” em hebreu, pode designar, não somente um irmão de sangue, mas também alguém com laços de parentesco. Então, os denominados “irmãos de Jesus” poderiam ser, na realidade, seus primos. Segundo o Evangelho de João, Jesus, na cruz, confia a Sua Mãe a João e não a seus irmãos, o que seria de admirar porque, se estes fossem irmãos de sangue, eram eles que deveriam cuidar de Sua Mãe. Assumir, assim, que os evangelhos apresentam provas de que Maria teve outros filhos, é precoce pois, na realidade, existem muitas questões em aberto. No entanto, podemos afirmar antes de tudo a radicalidade do dom de Deus concedido a esta jovem, pois que o filho de Maria é ao mesmo tempo o Filho de Deus.

Estrutura de Mt 1, 18-24. Esta passagem segue uma estrutura muito semelhante que Mateus usa para falar sobre o envio dos discípulos em missão. Comparando com o envio dos discípulos de Jesus a Betfagé em Mt 21, 1-7, verificam-se os seguintes passos: confia-se uma missão (1, 20-21 e 21, 1-3); a missão apoia-se num texto profético (1, 22-23 e 21, 4-5); a execução da missão (1, 24-25 e 21, 6-7). A introdução de uma citação profética contém fórmulas que Mateus emprega frequentemente de forma semelhante: “para que se cumprisse o que tinha sido dito pelo profeta” (Mt1, 22; 2, 15.17.23; 4, 14; 8, 17; 13, 35; 21, 4 e 27) e “Fizeram como Jesus lhes ordenara” (Mt 1, 24 e 21, 6).
Mt 1, 18-24 apresenta também uma estrutura semelhante às narrativas da Anunciação, que se apresenta no quadro seguinte:

Situação das personagens em causa
Apresenta uma dificuldade (esterilidade de Isabel, virgindade de Maria), que em Mt 1, 18, parece insuperável: a criança vem de Deus, mas põe em causa o casamento de José e de Maria.
Aparição do Anjo do Senhor



Perturbação

Que se segue à aparição, geralmente expressa pelas palavras: “Não tenhas receio” (Lc 1, 13 e 30). Em Mt 1, 20, como não há visão divina e, portanto, motivo de temor para José, a expressão tem a forma: “Não temas receber…”

Anúncio da vida, menção do nome ou da missão

Começando com a expressão técnica: “Eis…” (Lc 1, 20.31), que em Mt 1, 23, está no princípio da citação bíblica.

Uma pergunta

Suscita a dificuldade (Lc 1, 18.34). Em Mt 1, 20 é a intenção de José de abandonar a sua esposa, pondo em jogo a filiação davídica de Jesus.


O mensageiro dá um sinal

O sinal apoia e garante a anunciação (Lc 1, 19-20 e 35-36). A citação de Is 7, 14 refere o sinal dado por Deus a Acaz, da concepção e o parto do futuro rei: “Por isso, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a Virgem concebeu e dá à luz um filho…”.
Execução do sinal e realização do mesmo.
 

6 de dez. de 2010

Sobre a origem e estrutura do Evangelho segundo São Mateus


Origem e data

Pensa-se que a versão original do Evangelho segundo São Mateus seja proveniente da Síria, da cidade de Antioquia ou da Fenícia, locais onde existia grandes comunidades judaicas. Calcula-se que o Evangelho tenha sido redigido entre o ano 80 e o ano 90 da nossa era, após a destruição de Jerusalém.

Autor

Atribui-se a redacção do Evangelho a Mateus, Apóstolo de Jesus Cristo, também conhecido como Levi, cobrador de impostos (Mt 9, 9-13; Mt 10, 3), embora esta seja uma questão discutida pelos teólogos e historiadores. O autor seria, pelo menos, alguém conhecedor das Escrituras e das tradições judaicas, devido aos pormenores que apresenta no decurso das passagens do Evangelho, provavelmente, um letrado judeu que se teria tornado cristão. Estes atributos são plausíveis com as origens e com a ocupação de Mateus.

Teologia

É o Evangelho do Reino de Deus e da Igreja. Aliás, é o único Evangelho que usa a palavra “Igreja”, e fá-lo mais do que uma vez (Mt 16, 18; Mt 18,17). Apresenta-nos a Cristologia primitiva: Jesus é o Salvador esperado, o Mestre por excelência, que ensina com autoridade e interpreta as Escrituras, aperfeiçoando o seu significado à luz da Boa Nova; Jesus é o Messias que inaugura o Reino de Deus e investe a comunidade dos discípulos – a Igreja - do seu poder salvífico. O Evangelho segundo São Mateus leva-nos à descoberta de Cristo ressuscitado e da Sua presença divina na comunidade eclesial.
O Evangelho segundo São Mateus é representado, segundo a iconografia tradicional, por uma figura humana. Esta representação foi sugerida por São Jerónimo, no séc, V, tendo como referência a passagem do livro do Apocalipse (Ap 4, 6-7), que retoma uma visão do profeta Ezequiel sobre o fim dos tempos (Ez 1, 5-12), em que a majestade divina encontra-se rodeada de quatro viventes, cada um com um rosto diferente (homem, leão, touro e águia). São Jerónimo associou a primeira face a Mateus, pois este inicia o Evangelho falando de Jesus como um homem, referindo-se à Sua genealogia.


Estrutura 

O Evangelho segundo São Mateus é constituído por um prólogo, o Evangelho da Infância (Mt 1,1 – 2, 23); cinco discursos ou cadernos sobre o anúncio do Reino, que consistem nos ensinamentos de Jesus; estes discursos encontram-se separados por relatos das acções e palavras de Jesus (Mt 3, 1-25, 46); e uma conclusão, que contém os relatos da Paixão e Ressurreição (26, 1 – 28, 20). Os cinco discursos são:
1)      A justiça do Reino: Sermão da Montanha (Mt 5-7);
2)      Os arautos do Reino (10);
3)      Os mistérios do Reino (13);
4)      Os filhos do Reino (18);
5)      A necessária vigilância na expectativa da manifestação última do Reino (24-25).
Todos os discursos terminam com fórmulas semelhantes, do tipo “Quando Jesus acabou de falar…” (ver Mt 7, 28; Mt 11, 1, Mt 13, 53; Mt 19, 1), terminando o último discurso com a expressão “Tendo acabado todos estes discursos…” (Mt 26, 1). 
O bloco de relatos revela Jesus como Messias e Salvador, poderosos em obras – milagres – e palavras.

Existem dois episódios-chave que dividem o Evangelho segundo São Mateus em duas partes fundamentais:

1º episódio – Pregação do Baptista, baptismo de Jesus e tentações no deserto
à  1ª parte – Jesus está só, sendo o Pai que o designa directamente; Jesus escolhe os seus discípulos e dirige-se às multidões;
2º episódio – Confissão messiânica de Pedro em Cesareia
à 2ª parte – Jesus dedica-se à formação da comunidade dos discípulos.

Em cada uma destas partes, há uma revelação da parte do Pai (1º episódio – a voz celeste presente no Baptismo) e um reconhecimento por parte dos discípulos (2º episódio – reconhecimento de Pedro e dos discípulos de que Jesus é o Messias); e em ambas as partes há um momento de tentação com a resposta “Vai-te Satanás!”.
Após cada episódio, cada parte começa com uma fórmula do tipo “A partir desse dia, Jesus começou a…”, seguindo-se um ensinamento solene (Mt 4, 17; Mt 16, 21).
O esquema de estrutura de acordo com este critério (existem outros) segue-se abaixo:

 
Prólogo: O Mistério de Jesus – contém os relatos da infância e fala sobre a sua missão à luz da ressurreição e da vida da Igreja;

1ª parte: Jesus proclama o Reino de Deus e prepara a Igreja (3-16)
à Episódio-chave: Do Antigo ao Novo Testamento
No Baptismo, Jesus é revelado pelo Pai como Seu Filho, nas tentações reorienta a vida do povo escolhido para o Reino, proclama a chegada do Reino e escolhe os discípulos.
1)      Chegou o Reino de Deus (5-9)
2)      Jesus parte a pregar o Reino e envia os seus discípulos a pregar (10-12)
3)      A opção decisiva perante a pregação do Reino (13, 1 – 16, 12)

IIª parte: A Comunidade no Reino de Deus (17-28)
à Episódio-chave: A Comunidade confessa seu Senhor (16, 13 – 17, 27)
Através da comunidade, o Pai revela o Seu Filho. Mas esta comunidade é também Satanás que tenta Jesus.
1)      O Reino de Deus passa do povo judeu para Igreja (18-23)
2)      A inauguração do Reino de Deus no Mistério Pascal (24-28)

Iniciamos, assim, com estas pequenas anotações, a leitura do Evangelho segundo São Mateus. Para esta IIª semana do Advento, proponho-vos ler e reflectir sobre o 1º capítulo deste Evangelho. Daqui a alguns dias, partilharei convosco as minhas descobertas e reflexões, ficando a aguardar as vossas.

Um abraço fraterno em Cristo e votos de uma abençoada semana!

P.S. - Para além da Bíblia Sagrada, consultei os seguintes Cadernos Bíblicos da Difusora Bíblica:
"Para ler o Evangelho segundo São Mateus, de vários autores;
"Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus", de C. Tassin;
"Narrativas da Infãncia de Jesus", de Charles Perrot.

C

29 de nov. de 2010

O início de um novo ano litúrgico e o Evangelho segundo São Mateus

Com o primeiro Domingo do Advento, inicia-se um novo ano litúrgico, o ano A. A atribuição de A, B e C a cada ano litúrgico que se sucede, modifica as leituras de cada liturgia ferial e dominical, de forma a lerem-se todas as passagens fundamentais do Antigo e do Novo Testamento ao longo de um ciclo de três anos.

O Ano A é dedicado ao Evangelho de São Mateus, cuja leitura decorre durante as liturgias feriais e, principalmente, ao longo dos Domingos do Tempo Comum, bem como em algumas festas e solenidades ao longo do ano.

Pensei abraçar um trabalho de oração, leitura e reflexão sobre o Evangelho de São Mateus, dedicando um tempo semanal a um ou dois capítulos deste Evangelho. Inicialmente, pensei em fazê-lo a título privado, mas depois pemsei em partilhá-lo convosco, convidando-vos a acompanharem-me nesta oficina de estudo.
Aguardo assim, as vossas descobertas, comentários, correcções e perguntas, para que todos fiquemos sempre um pouco mais ricos em sabedoria sobre a Palavra do Senhor.

Ao longo desta semana, vou escrever-vos sobre alguns factos relacionados com o Evangelho, de forma a iniciarmos a leitura do primeiro capítulo ao longo da II semana do Advento.

Que a luz de Cristo vos aqueça nesta semana!