7 de fev. de 2012

II. Ministério na Galileia (1, 14 - 7, 23)

Mc 1, 14-15: Início da pregação

“Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.””

Esta secção marca o início de uma nova etapa da vida de Jesus, o início da pregação na Galileia. Jesus inicia a Sua acção após a prisão de João; o Percursor já desempenhou a sua missão, segue-se a vinda daquele que “é mais forte”, que “há-de baptizar-vos no Espírito Santo”.
Mc menciona, pela primeira vez, o Reino de Deus. Sobre este pouco revela, apenas diz que está próximo. Para podermos fazer parte do Reino de Deus quando chegar, é necessária uma conversão interior, abraçando a mensagem do Evangelho de pleno coração. A partir deste ponto, Mc apresenta o Reino através das palavras e acções de Jesus que, pouco a pouco, vai revelando-nos o mistério sobre o que é este Reino.


Mc 1, 16-20: Chamamento dos primeiros discípulos

“Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.”

O chamamento dos discípulos passa-se no mar ou lago da Galileia, um grande lago interior da região da Galileia, também denominado de mar de Tiberíades ou de Genesaré. Rodeado de uma zona verdejante de um lado e montanhas do outro, goza de um clima temperado e agradável, com uma enorme riqueza em peixe e outros recursos naturais.

“E disse-lhes Jesus: “Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens.” Deixando logo as redes, seguiram-no.”

De pescadores de peixe, passam a “pescar homens”. É esta a missão dos discípulos: “atrair” a humanidade para a acção salvífica do Evangelho, para a construção do Reino de Deus, a “rede” que nos envolve e que nos liga.

“ Um pouco adiante, viu Tiago; filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco a consertar as redes, e logo os chamou. E eles deixaram no barco seu pai Zebedeu com os assalariados e partiram com Ele.”

O chamamento dos discípulos surge de uma forma pouco verossímil: como é que um desconhecido chama quatro homens e eles logo O seguem sem saber nada sobre Ele? Teriam já tido algum conhecimento através das pregações de João Baptista? A preocupação de Mc não é a de um rigor histórico ou descritivo, assentando sobretudo em dois pontos fundamentais:

- Jesus, em Mc, está sempre acompanhado pelos discípulos, excepto quando os envia em missão, e na Paixão, recordando a importância da comunidade cristã e a Sua missão evangelizadora;

- Seguir a Jesus significa tornar-se Seu discípulo, numa adesão total e pessoal a Cristo – por isso, os irmãos deixam no barco “seu pai Zebedeu e os assalariados”. Esta adesão pessoal implica deixar tudo para poder dedicar-se inteiramente à evangelização, o que inclui a vida familiar e social.