7 de mar. de 2011

CORPO DO SERMÃO DA MONTANHA: Confiança para com o Pai (Mt 6, 19-7, 12)


Jesus encerra o corpo do sermão com chave de ouro, abordando o tema da Confiança para o Pai. No novo programa de vida que este discurso do Reino apresenta, Jesus ensina-nos a não termos medo, a rezarmos confiantes ao Pai, entregando-Lhe as nossas vidas com as suas necessidades, vivendo com humildade e amor, confiança e entrega total ao Reino.

O tesouro no céu (Mt 6, 19-24)

O recurso à figura dos “olhos sãos e doentes”, referem-se à integridade do discípulo: a falta de luz espiritual é uma cegueira pior do que a falta de visão física. Fixo somente em Deus, o olhar do discípulo ilumina toda a humanidade. O olho é a lâmpada do corpo: por ele, através de um olhar atento, o discípulo deve saber discernir o verdadeiro tesouro e os verdadeiros valores. Jesus alerta para a rendição ao poder do dinheiro, não condenando o uso dos bens terrestres, mas a idolatria dos mesmos, que nos afasta de Deus.

Confiança na Providência (Mt 6, 25-34)

A passagem anterior deixa pensar: como deve o discípulo gerir os cuidados do quotidiano? Jesus responde a esta questão nesta parte, dizendo: “Não vos inquieteis” (Mt 6, 25). Este não é um convite à preguiça, mas à confiança filial no Pai do Céu, que se deve exprimir e alimentar na oração. Jesus começa por estabelecer um paralelo entre a vida e o alimento, e o corpo e o vestido, ou seja, entre o ser humano (vida e corpo) e o trabalho humano (alimento e vestido). A vida é o centro da pessoa – alma, e o corpo representa as suas relações no quotidiano. Qual o valor do homem para Deus? Jesus refere-se às aves, que estão num plano físico alto e aos lírios, que se situam num plano abaixo. As aves são alimentadas pelo Pai e as flores vestidas por este, e no entanto, têm ambas uma ténue existência. Os seres humanos situam-se para Deus, no plano central, sendo amados por este e, apesar da sua pouca fé, valem muito mais para o Criador, por isso não há que temer.
A expressão “Homens de pouca fé”, refere-se ao perigo da incredulidade para os discípulos que se deixam dominar pelos cuidados ou pelo medo. O verbo “preocupar-se” tem a ver com os domínios práticos para os quais o homem utiliza prioritariamente as suas energias. O único cuidado do discípulo deve ser o de viver segundo a justiça do Reino (Mt 6, 33), que Deus assegurará o resto. Isto requer um compromisso do discípulo nas relações com o mundo, que devem ser sempre inspiradas e induzidas pela mensagem de Jesus. Na prática, Jesus diz para viver o quotidiano, um dia de cada vez, entregando-se com confiança à vontade do Pai. Seguidamente, Jesus desenvolve algumas indicações práticas para esta nova forma de vida.

Não julgar os outros (Mt 7, 1-5)

Nesta secção, Jesus não proíbe a apreciação objectiva dos factos, mas o juízo que leva a condenar os outros, usurpando o direito de Deus, único Senhor e Juiz. Não cabe ao discípulo julgar, pois todos somos pecadores. Jesus recorda-nos, assim, o convite à conversão e à humildade.

NOTA: Hipócrita refere-se a um homem de juízo perverso.

Responsabilidade da fé (Mt 7, 6)

“Coisas santas” refere-se, neste contexto, aos ensinamentos de Jesus. A fé deve ser responsável, não desperdiçando ou usando os ensinamentos de Jesus de uma forma vã, mas vivendo segundo estes de uma forma verdadeiramente comprometida.

Confiança na oração (Mt 7, 7-11)

Jesus apela mais uma vez, à importância da oração, de uma oração de confiança de que Deus nos ajudará sempre ao longo do caminho.

A regra de ouro (Mt 7, 12)

Tendo uma formulação negativa no mundo antigo ( semelhante a “não faças aos outros o que não queres que te façam”), Jesus renova-a, colocando-a na formulação positiva: o discípulo deve tomar a iniciativa de fazer o bem sem ter em conta qualquer retribuição - tal espírito de fazer o bem é a síntese da Lei e dos Profetas, renovada em Jesus Cristo.

Em resumo, na prática do quotidiano, o discípulo deve avançar sem medo, pois Deus providenciará tudo o que realmente precisar, vivendo de uma forma comprometida com a Fé, orando sem cessar, sendo humilde, não julgando ninguém e preocupando-se apenas em tomar a iniciativa de fazer o bem. 


Um comentário:

  1. É difícil entregar tudo nas mãos de Deus. Pensamos que detemos o poder se nos preocuparmos e estivermos sempre em cima de tudo o que se passa. Cada vez mais somos assim e, sobretudo, com os outros. Mas se confiarmos em Deus, nada correrá mal. Sou uma pessoa cheia de medos e tenho muita dificuldade em confiar em Deus. No entanto, nas pouquíssimas vezes que o consegui fazer, digo-vos que arrisquei e Deus me levou ao colo, tudo correu bem. Só que sou tão imperfeita que ainda não aprendi a lição: tenho muita dificuldade em entregar-me a Deus e sei que vai ser uma aprendizagem para a vida inteira.
    Desejo-vos a todos que Deus vos leve sempre ao colo nos momentos mais difíceis e que sintam os Seus passos ao lado dos vossos em cada momento do vosso percurso de vida.

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