15 de abr. de 2011

AS PARÁBOLAS DO REINO (Mt 13, 1 – 52) - Quem é Jesus – 2º tempo


Este segundo tempo que aborda a identidade de Jesus, consiste no discurso em parábolas, dirigido àqueles que decidiram seguir Jesus. Só a estes é dada a compreensão das parábolas. Este é o terceiro grande discurso e ocupa a parte central do Evangelho. Jesus aparece como o revelador dos mistérios do Reino, do que estava escondido desde o início do mundo. É constituído por sete parábolas, número que evoca os dias da semana e a criação, sugerindo a revelação no tempo da realidade do Reino de Deus. Pode ser considerada uma oitava parábola (perfeição), no v.52.

As parábolas podem agrupar-se em dois actos:

1º acto (Mt 13, 1-33): Jesus, sentado numa barca, coloca-se longe das multidões. Todos vão ouvir, mas só os discípulos receberão a interpretação da parábola do semeador e porquê Jesus lhes fala em parábolas.
Parábolas deste acto: o semeador, o joio, o grão de mostarda, o fermento.

Entreacto (Mt 13, 34-35): A revelação das coisas escondidas.

2º acto (Mt 13, 36-50): Passa-se em casa só com os discípulos, que ouvem a explicação da parábola do joio e as três últimas parábolas. Esta separação em actos representa dois grupos – os que percebem nas parábolas apenas histórias bonitas, e os que compreendem o seu sentido profundo, porque seguem Jesus.
Parábolas deste acto: o tesouro, a pérola, a rede.

Epílogo: Compreender as parábolas (Mt 13, 51-52).


O semeador (Mt 13, 1-9)
A parábola do semeador parece dirigir-se a pessoas decepcionadas: ao ver o fracasso da Sua pregação, Jesus quer comunicar-lhes a sua confiança: anuncia a vinda do Reino; os fracassos nada provam, porque a colheita chegará um dia.
(v.3-8) A parábola do semeador mostra o rendimento da semente - a Palavra - consoante o terreno - o coração do homem - que a recebe. Esta parábola é um apelo ao discípulo para procurar ser “terra boa” e não se deixar desviar pelas seduções e distracções do mundo, que o desviam da Palavra de Deus.
(v.9) A recomendação reforça a necessidade de prestar atenção ao que Jesus diz, para compreender o ensinamento e abrir-se à modificação que este traz na vida.


O porquê das parábolas (Mt 13, 10-17)
Explicação da parábola do semeador (Mt 13, 18-23)
(v.11) O conhecimento que é dado não é um direito adquirido, mas uma relação que coloca o discípulo na dependência do Mestre.
(v.12) Quem já possui o conhecimento do Reino, terá uma compreensão ainda maior, mas quem não tem essa abertura de coração, o pouco que tem não perdurará, devido à sua inconsistência interior.
(v.13-15) É necessária a capacidade para compreender o Reino de Deus, que advém do acolhimento da pessoa ao ensinamento de Jesus.
(v.16) À condenação da cegueira dos judeus, opõe-se a bem-aventurança dos discípulos, que vêem e ouvem os acontecimentos do Reino.
(v.18-23) Mateus insiste na compreensão da mensagem: a inteligência espiritual levará a viver a mensagem na prática do dia-a-dia.

O trigo e o joio (Mt 13, 24-30)
O Reino é um mundo complexo, onde o bem e o mal podem ser confundidos no caminho com facilidade. Por isso, é necessário paciência e prudência, para não decidir mal.
NOTA: O joio é uma erva daninha e nociva à agricultura.

O grão de mostarda (Mt 13, 31-32)
O fermento (Mt 13, 33)
Ambas as parábolas salientam o crescimento formidável do Evangelho:
(v. 31-32) O tamanho do grão de mostarda é exagerado para salientar o contraste entre a pequenez do início e a plenitude do fim, pressupondo a esperança de Israel num fim glorioso, que culmina na vinda do Senhor.
(v.33) Esta parábola põe em contraste a pequena quantidade de fermento e a massa a levedar. O dinamismo do Reino é apresentado como princípio de transformação: uma pequena pitada de fermento faz levedar toda a massa.

Função das parábolas (Mt 13, 34-35)
Tal como a vara de Moisés, o cordeiro imolado no lugar de Isaac, instrumentos de salvação criados por Deus, Mateus acrescenta o Reino do Céu anunciado por Jesus.

Explicação da parábola do trigo e do joio (Mt 13, 36-43)
Existem dois Reinos: o Reino do Pai, que só existe como tal no fim dos tempos e o do Filho do Homem que existe já e se identifica com o mundo e com toda a humanidade: contém tanto pecadores como justos, já que este Reino e o do maligno mutuamente. A questão principal não é saber se é ou não cristão, se é ou não da Igreja, mas sobretudo se se cumpre a vontade do Pai celeste. Cada um, cristão ou não, será julgado pelo seu comportamento.

O tesouro e a pérola (Mt 13 44-46)
Uma perícopa, que contém duas parábolas, que acentuam o valor do Reino, através do tesouro e da pérola e a alegria da descoberta, bem como o imperativo de vender, deixar tudo pelo Reino.

A rede (Mt 13, 47-50)
Tal como a parábola do joio, esta parábola salienta a coexistência de bons e maus até ao fim dos tempos, mas sublinha, mais do que a paciência até à colheita, o juízo de Deus sobre as exigências de pertencer ao Reino.

Conclusão (Mt 13, 51-52)
O verbo “compreender” indica que a palavra de Jesus é o centro do Evangelho: escutar e compreender é fazer a vontade de Deus. O ouvinte é comparado a um pai – doutor da Lei, que tira do AT e do NT a doutrina que aplica às necessidades da sua comunidade. Qualquer responsável cristão tem esta missão, de actualizar na Igreja o sentido do Reino inaugurado por Jesus.


Um comentário:

  1. Nesta Quaresma, ajuda-nos, Senhor, a abrir o nosso coração para acolher verdadeiramente a Tua Palavra e santificar a nossa vida fazendo inteiramente a Tua vontade. Neste mundo tão confuso, ajuda-nos a discernir entre o bem e o mal, que se entrelaçam em tantas situações. Ajuda-nos a ver com o coração iluminado pela Tua Palavra, para que deixemos “levedar bem a massa”, fazer crescer o Teu Reino em nós e nos que conhecemos.

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