18 de abr. de 2011

A CAMINHO DA CONFISSÃO DE FÉ DE PEDRO: Quem é Jesus – 3º tempo (Mt 13,53 – 16,20).


Neste terceiro tempo, passou a hora do discernimento: cada um já escolheu o seu caminho. Jesus passa então a dedicar o Seu tempo a preparar e ensinar os discípulos, fazendo-os participar da Sua actividade. No fim desta parte, que termina com a confissão messiânica de Pedro, estes discípulos aparecem já como uma comunidade sólida em torno de Jesus. E é através desta comunidade que o Pai vai revelar quem é Jesus.

Jesus rejeitado em Nazaré (Mt 13, 53-58)
Herodes e Jesus (Mt 14, 1-2)
Execução de João Baptista (Mt 14, 3-12)
Estas três passagens constituem um prólogo que realça a questão da identidade de Jesus. Os habitantes de Nazaré são cépticas acerca d’Ele, por ser filho do carpinteiro, e Herodes vê n’Ele João Baptista, ressuscitado de entre os mortos.
(13, 53-58) Jesus é rejeitado na terra onde cresceu. A partir deste ponto, Jesus já não fala a quem se fechou à Sua mensagem, prossegue com a sua actividade de Salvador (milagres). No decurso da narração, verificar-se-à um endurecimento da oposição dos líderes religiosos, preparando a cena para o último acto.
 (14, 4) Herodes, tetrarta da Galileia, ou seja, governador de um quarto do reino, tinha cometido um grave pecado, por casar com a sua sobrinha – casamento consanguíneo, repudiando a sua primeira mulher e ainda por tomá-la ao seu irmão, ainda vivo.
(14, 12) O último versículo estabelece uma relação especial entre Jesus e João Baptista, que  introduz os acontecimentos seguintes.

Jesus alimenta cinco mil pessoas (Mt 14, 13-21)
Esta passagem faz parte de um conjunto dedicado à refeição e ao pão (14, 13s; 15, 1s; 15, 32s; 16, 5s), sendo este conjunto designado, “secção dos pães”. Nesta, Jesus continua a revelar-se aos seus discípulos e associa-os mais à Sua actividade.
A narração da multiplicação dos pães segundo Mateus desdobra-se em duas tradições ou narrações, uma palestinense e outra gentílica. Mateus traça a narração desta multiplicação assente nos gestos da instituição da Eucaristia.
(v.13) A rejeição pelo próprio povo, a que se acrescenta a tragédia da execução do Baptismo, pressente o que irá acontecer a Jesus. O povo rejeita, mas Jesus ama tanto e com um Amor perfeito, que a todos dá a vida, o alimento.
(v.20) “Comeram e ficaram saciados” recorda o maná dado a Israel no deserto no tempo do Êxodo. Os doze cestos evocam o número dos Apóstolos, escolhidos e ensinados por Jesus a dar o pão da Palavra às multidões com fome. Ao mencionar as mulheres e as crianças, o evangelista acrescenta a colaboração familiar que deve ter a Eucaristia.

Jesus caminha sobre as águas (Mt 14, 22-33)
A tradição evangélica coloca a caminhada sobre o mar após a multiplicação dos pães, com uma ligação simbólica ao AT: aquele que alimentava o seu povo no deserto mostrava-se o Senhor das águas, na passagem do Mar Vermelho. A caminhada de Pedro reorienta o relato para o sentido da caminhada de fé da Igreja cristã.
(v.22-24) Jesus obriga os discípulos a embarcar, refreando o seu entusiasmo, mas também procurando incutir-lhes a importância de se retirarem para um lugar isolado e a necessidade de orar. Jesus retirava nos momentos importantes da sua missão, gostava de orar no silêncio e na noite.
(v.25) A multiplicação dos pães prefigura a Eucaristia, alimento do homem, que caminha na noite da fé, representada pela caminhada de Jesus sobre as águas, que nos diz para não ter medo desta noite, mas ter fé e seguir o Senhor.
NOTA: Na Antiguidade, as águas simbolizam frequentemente o poder do mal e da morte.
(v.28) Mateus apresenta três episódios com Pedro como figura central (14, 28-33; 16, 13-20 e 17, 24-28). Pedro representa o tipo do discípulo na sua adesão ao Mestre. Encarna o caminho de fé no coração do homem: crê, mas a sua fé continua a ser frágil.
(v.30-33) A exclamação dos discípulos reflecte um ambiente litúrgico, assim como o grito de Pedro: “Salva-me, Senhor!” O barco simboliza a Igreja: perante uma fé frágil, os crentes lutam por Cristo, agarrados pela fé e pelo amor.



Curas em Genesaré (Mt 14, 34-36)
Após retirar-se para orar, Jesus volta à missão.

Puro e impuro: Jesus e as tradições judaicas (Mt 15, 1-20)
(v.2) A tradição dos antigos é composta dos comentários à Lei transmitidos oralmente nas escolas rabínicas. Os fariseus atribuíam grande importância à purificação das mãos antes e depois das refeições.
(v. 5) A prática de dar ofertas a Deus em vez de ajudar os familiares era objecto de crítica já há algum tempo: pelas ofertas, as pessoas desculpavam-se de não ajudar os familiares necessitados.
(v.11) Jesus realça a importância da purificação interior face à purificação exterior: por muito que alguém se lave e purifique o corpo, se fala ou pensa mal do outros, não está limpo perante Deus.
(v.12-14) O escândalo dos fariseus perante as afirmações de Jesus consiste em Jesus os excluir do Reino de Deus, devido às suas obras não serem sinal da vontade do Pai.

A fé de uma cananeia (Mt 15, 21-28)
Esta passagem revela que Jesus vem, primeiramente para anunciar o Evangelho aos judeus, mas esta Palavra - o pão, a Salvação de Deus é para todos, e esta será a missão dos discípulos: evangelizar todos os povos. Esclarece também o debate precedente com os fariseus e os escribas sobre a pureza. Está a cananeia pura para comer o pão destinado aos filhos de Israel?
(v.21-24) Perante o pedido, da cananeia, Jesus recusa pois foi enviado primeiramente à casa de Israel.
(v.24-27) A mulher insiste, reconhecendo o seu estatuto de inferioridade, pedindo só “as migalhas” do “pão”, pois sabe que não tem o mesmo estatuto que os “filhos de Israel”.
(v.28) Jesus louva a fé desta mulher como digna de ser escutada. Na realidade, Jesus não pretendia recusar o pedido da mulher estrangeira, mas testar a sua fé.
Assim se vai verificando que o essencial não é a identidade sócio-cultural ou o estatuto de cada um, mas a fé em Jesus Cristo. O universalismo evangélico vai ganhando força, onde a Salvação virá para todos os que abraçarem a fé.

Curas junto do lago (Mt 15, 29-31)
Jesus realiza o Reino de Deus, trazendo a salvação a todos. Esta parte precede a segunda multiplicação dos pães.
 
Jesus alimenta quatro mil pessoas (Mt 15, 32-39)
Esta segunda narração da multiplicação dos pães dá mais relevo à compaixão de Jesus face à fome da multidão do que à instituição da Eucaristia. Desenrola-se em ambiente não-judaico, na margem oriental do lago. A referência ao número de sete cestos pode significar a perfeição do milagre e evocar a instituição do sete diáconos, escolhidos para servir às mesas, em Act 6.

Sinais dos tempos (Mt 16, 1-4)
Os “sinais dos tempos” referem-se às manifestações dos Messias, os milagres de Jesus, as Suas Palavras, a própria pessoa de Jesus, sinal por excelência. A capacidade de descobrir esses sinais faz de quem descobre um discípulo de Jesus. O sinal de Jonas constitui um anúncio da morte e ressurreição do Senhor, pois Jonas esteve no ventre da baleia três dias, e Jesus também estará três dias no ventre da terra, e depois ressuscitará.

O fermento dos fariseus (Mt 16, 5-12)
O fermento leveda a massa, tal como a Palavra anunciada faz crescer o Reino de Deus. Os fariseus e ou saduceus transmitem ensinamentos que desviam as pessoas do verdadeiro caminho, escravizando-as a rituais, levando-as a excluir os necessitados, e a afastarem-se dos verdadeiros valores do Reino.

Confissão messiânica de Pedro (Mt 16, 13-20)
Cesareia de Filipe ficava perto da nascente do Jordão, chamando-se Banias na actualidade. É o pano de fundo para este episódio central, que marca um ponto de viragem no Evangelho. Através de Pedro, os discípulos e a Igreja afirmam a condição divina de Jesus, sendo esta uma revelação divina (v. 17), ainda não compreendida, como se entenderá pela reacção de Pedro face ao primeiro anúncio da Paixão.
(v.15-16) Após a revelação de Jesus aos discípulos, este pode colocar-lhes a questão sobre a Sua identidade: para os homens e para os discípulos. Para os homens, a resposta é incerta e vaga, mas Pedro confessa Jesus como Cristo.
(v.17) Perante a resposta de Pedro, segue-se uma avaliação: A Fé correcta de Pedro não parte da sua inteligência, mas de uma revelação do Pai.
(v.18) Pedro provém da palavra grega “Kepha”, que significa “pedra”. Igreja, que vem do grego “ekklesia”, traduz a palavra hebraica “qahal”, que significa assembleia. Igreja designa a comunidade nova que Jesus vai edificar, na qual Pedro tem um papel fundamental. Esta comunidade viverá para sempre com Jesus, e será salva das forças do mal.
(v.19) Pedro tem o poder de permitir ou proibir o acesso à comunhão (“ligar ou desligar”). No discurso eclesial (Mt 18, 18), o poder de perdoar pecados e introduzir no Reino é atribuído a todos os Apóstolos.
(v.20) A interdição de dizerem que Jesus é o Messias prepara o primeiro anúncio da Paixão, que Pedro vai rejeitar devido à sua fraqueza.

A comunidade cristã reúne-se e prepara-se para a realização do projecto de salvação que vem por meio de Jesus Cristo. Já reconhece Jesus como o Messias, revelação vinda pelo Pai com a confissão messiânica de Pedro. Dá-se início à segunda parte, centrada nesta comunidade formada e no seu papel no Reino de Deus.

2 comentários:

  1. Senhor, ajuda-nos a abrir o nosso entendimento à revelação que nos fazes todos os dias do Teu Amor, que nos deixemos levar pela corrente da fé e saciados pela Tua Palavra, anunciemos a todo o mundo que Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo!

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  2. hoje o espirito de PEDRO E SAO RODIERIO vao me ajudar a caminha,com a foça do nosso senhor DEUS e JESUS CRISTO.AMEM

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